sábado, 5 de outubro de 2013

Vida


Embala-me, oh vida que vem de longe nos passos de tantos antepassados...
Embala-me nos seus caminhos, nos seus contornos, na sua amplidão...!
Entrega-me ao viver soberano, audaz, valente
Dai-me coragem para ser no mundo o que sou!

Encharca-me, oh vida, do seu gosto de imprecisão e de beleza!
De marcha sonhada nos projetos de outrora, de vitórias e sonhos a conquistar
Encharca-me de luz a estrada para buscar o que não finda nos desejos ...!
Dai-me a sabedoria para escolher o passo certo, da hora certa
A palavra e o silêncio, a hora de ir ou ficar...

Me renova de amor a cada dia, a cada morte
Me sustenta no tempo de ser aqui
E me conceda, ao final, a acolhida serena
Do amor que enlaça a completude!


Dulce Braz







sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Pai




Pai...!

Tão bom falar Pai, Papai

E lembrar você...!


Tão jovem foi embora
Tão perto sempre ficou...

Não tenho necessidade de afirmar que o amo
Meu coração é seu!

E o que ressalta em mim,
Quando o vejo e o busco  em minhas memórias,
É a certeza do mais puro amor percebido
Pela sua presença de pai na minha formação.

Sinto-me amada sempre que as lembranças
Reavivam seus gestos de amor, cuidado e preocupação gravados em mim 
e em meus irmãos...

Sabia e sentia que os amava a todos...
Como um bicho bravo  de alma doce
A querer protegê-los contra as dores e males do mundo...
Como um humano herói, quase Deus na nossa confiança em você!

Senti-me amparada como filha
Você cumpriu sua função muito bem!

Amo muito você
E quero atravessar o universo para lhe dar um abraço de amor e gratidão
Acho que já é uma luz, uma estrela, um pedaço de Deus!
É o meu amor mais antigo! Mais amigo!

Sinto seu amor quando falo com Deus
Se amo Deus é porque sei o amor de um pai
E confio que ELE me ama como você me amou
Isso é a coisa mais certa
A fé mais concreta para mim!

Gratidão, carinho, amor... Para sempre, meu amigo, meu pai!
Aonde quer que esteja neste vasto universo de mistérios chamado vida! Chamado morte! Chamado Amor!



Dulce Braz


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Uma alma endividada de porquês



                                                               




Serenando a fronte, eu vou contar um mundo só pra você

Desses que a gente apreende na labuta do existir...

Cantando os versos, eu não saberia dizer tudo

Mas o tudo não é nada diante do que ainda pode ser dito.

Andei por uma estrada quase sempre segura
Orientada por pais e familiares amorosos...
Do mundo vejo partes, mas meu coração
Quer abraçar o todo, captar as sensações e os mistérios de ser.

Capto algumas dores do mundo, 
a sensibilidade das músicas
A alma dos poetas e a pureza das crianças, 
a beleza das flores e pássaros...

Mas não capto, às vezes, a mim mesma nos sofrimentos do existir
Nos dilemas, nas culpas  que me apontam outras possibilidades.

Exijo muito de mim
Poupo-me da alegria do riso largo
Quero abraçar o mundo
Arrumar o desarranjo...
Abrigar os filhos 
E garantir a sua felicidade...
Desejo apaziguar os corações que magoei na minha imperfeita condição.

De tudo isso, sei que somos muito diferentes, mas tão iguais nos quereres humanos, nas nossas incoerências
No desejo da proteção para nossos medos tão banais
No anseio de sermos aceitos e acolhidos nos ninhos de nossas origens
No abrigo de nossos amores mais caros e essenciais...

O que sei é que somos um céu de possibilidades
Na vida nossa de cada dia
Irmanados pelo desejo de completude
De imortalidade da alma,
De um solo seguro para plantar nossos desejos!

Contando isso pra você, não digo nada de novo sob o sol
Mas me encontro por um instante no pensamento ordenado
Na resiliência do viver, na busca do caminho a seguir...

Fico nas buscas deste caminhar
Pela estrada que sempre vai a algum lugar
Nas interrogações desmedidas...

Não tenho a pretensão das respostas
O que tenho é uma alma endividada de porquês
E de respostas simples prometidas por um Deus interior a quem chamo de Amor!


Dulce Braz




quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pássaros Errantes















Sinta o bom dia!
Sobre ele você caminha por outros sonhos...

Nada é fantástico! 
Viver é morrer todos os dias um pouco... Mas é uma dádiva!

Sonhar é preciso!...
Viver também...

Ame um pouco a cada dia...
Sinta o gosto de respirar
O cheiro do luar
A boca  que sorri
A flor na pele
A brisa dos jardins
O canto dos pássaros
O cheiro de jasmim...
A luz das madrugadas nascendo...!

Somos todos pássaros errantes
Buscando o caminho do sol...
Alçando voos impossíveis tragados pelo vento...
Almejando outros possíveis nos traços dos nossos  desejos...

Assim mesmo sendo gente...
Assim mesmo carnes mortais
A envelhecer cheias de vida e de morte
Carregadas de emoção por todos os poros...

Amar é preciso! Viver também!
Com nosso pouco e nosso muito...
Capturando a essência dos nossos cantos mais profundos...
Das nossas noites sedentas da luz do dia seguinte...

Não estamos sós no desejo de perpetuar...
Depende de nós sentir a vida na morte... E a morte em vida...
Nas Mãos que nos acariciam o sonho de ser...
No agora...!
Sendo...! 
Vivendo...!


Dulce Braz
31 março 2013